INOVAÇÃO | 02.09.2025
Como começou o ecossistema insurtech na América Latina em 2025?
Depois de vários anos com o financiamento em mínimos históricos, o ecossistema insurtech na América Latina inicia 2025 em recuperação: mais investimento, mais startups e um cenário esperançoso para os empreendedores. O impulso das associações regionais e da colaboração público-privada tem sido fundamental nesse processo.
Os primeiros seis meses do ano marcam um antes e um depois no mercado insurtech latino-americano. Com um financiamento que alcançou 121 milhões de dólares, o valor já supera em 32% o total de 2024, confirmando o potencial da região e a força do ecossistema em se manter firme diante das incertezas globais e do controle da inflação, reagindo de forma positiva com propostas de valor que continuam atraindo novas rodadas de investimento.
Esse contexto está diretamente relacionado com o crescimento da economia mundial e, em particular, da América Latina. Segundo o último relatório Panorama Econômico e Setorial 2025, elaborado pela MAPFRE Economics, o Serviço de Estudos da MAPFRE, estima-se um crescimento para a economia mundial de 2,9% este ano, dois décimos acima das previsões de alguns meses atrás.
O mesmo relatório indica que os países latino-americanos, em seu conjunto, aumentarão seu PIB em 2,1 % neste ano e em mais de 2% no próximo. A inflação nesta esfera econômica permanece em 8,8% para 2025 e em 8,1% em 2026, ainda influenciada pelo crescimento dos preços na Argentina.
“Este início de ano trouxe dados muito positivos para o ecossistema insurtech latino-americano. Em geral, todos os países ou regiões continuam crescendo ou se fortalecendo”, comenta Carlos Cendra, Scouting & Investment Lead em Inovação Corporativa da MAPFRE. “De fato, em termos de financiamento, só no primeiro semestre já se alcançou o nível de investimento pré-pandemia e, se a tendência continuar, pode-se superar os 221 milhões de dólares investidos em 2022”, analisa.
Empreendedores resilientes
Os mais de 100 milhões de dólares captados no primeiro semestre de 2025 representam um aumento de 370% em relação ao mesmo período de 2024, segundo o relatório Latam Insurtech Journey, elaborado pela Digital Insurance LatAm com o patrocínio da MAPFRE.
"Esse forte aumento de financiamento em comparação a anos anteriores se deve à resiliência dos empreendedores. As startups se mantiveram firmes durante os tempos difíceis, e os investidores estão apoiando aquelas capazes de traçar uma rota de crescimento e demonstrar rentabilidade de longo prazo”, acrescenta Cendra.
O fluxo de investimento se concentra majoritariamente no Brasil, com 89 milhões de dólares (74% do total do semestre). Entre as linhas de negócio, life & care concentra 65%, e mobilidade 33%, confirmando o interesse por ambas.
Analisando o número total de agentes, o relatório Latam Insurtech Journey indica que, atualmente, existem 507 insurtechs na região, o que representa um crescimento de 2%, mantendo-se positivo, embora com certa desaceleração em relação ao que vimos nos últimos trimestres. Brasil (206), México (129) e Argentina (95) são os territórios com maior número de agentes, e Chile é o país com maior aumento percentual (+ 29%), sendo o motor de crescimento da região graças, além disso, a uma baixa taxa de mortalidade.
Um fator-chave para este desenvolvimento é encontrado na internacionalização: no primeiro semestre de 2025 foi registrado um aumento de 36% na expansão de insurtechs latino-americanas a outros mercados, isto é, que o número de startups multilatinas continua aumentando. Peru (58%), Chile (31%) e Colômbia (26%) são os principais impulsionadores deste aumento, e o Brasil conta agora com 10% de insurtechs internacionais, o que representa um dado muito relevante devido à natureza consanguínea e própria do mercado.
"Nestes primeiros meses vimos como startups como a Sami (com investimento da Mundi Ventures), a Olé Life ou a Azos levantaram rodadas importantes. Ao lado delas e de outros grandes agentes com presença internacional, como Blue Marble ou Past-Post, por exemplo, as perspectivas para o restante do ano parecem positivas, sobretudo com o impulso que as associações regionais e a colaboração público-privada também estão trazendo”, explica Carlos Cendra.
Os maiores investimentos do 1º semestre de 2025
Não todas as rodadas de financiamento são públicas, mas considerando as que são, estes foram os maiores investimentos durante os seis primeiros meses de 2025, de acordo com os dados do último relatório de Digital Insurance Latam:
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