ECONOMIA | 23.07.2025
A importância de fortalecer as instituições na América Latina
A América Latina vem crescendo há anos abaixo do seu potencial, especialmente se a compararmos com emergentes asiáticos. Estima-se, inclusive, que a região cresça em torno de 2% nos próximos dois anos, o que a torna a região emergente que menos cresce no mundo, em um cenário marcado pelo estancamento, pela incerteza geopolítica e pela insegurança pública. A resposta a esta situação poderia estar no fortalecimento das instituições.
Essa é a visão de Manuel Aguilera, Diretor-geral da MAPFRE Economics, apresentada durante o X Encontro de Empresas Multilatinas, realizado recentemente em Santander. “A América Latina é uma região com enorme potencial, mas que não consegue concretizá-lo”, destaca Aguilera, chamando atenção para um fator que os modelos econômicos geralmente tomam como garantido: a segurança. “Precisamos reconstruir a segurança pública.
São as drogas, o tráfico de pessoas e a extorsão que criam um ambiente de insegurança pública e criminalidade extrema”, enfatiza.
Essa violência seria, para o Diretor-geral da MAPFRE Economics, resultado de uma desigualdade contínua que se tornou insuportável. “Antes, havia a expectativa de que a desigualdade pudesse diminuir, mas, a partir do final da década de 1970 e início dos anos 1980, a grande crise da dívida devastou economicamente esses países, com uma consequência profunda: a destruição institucional”, explica. “Falta na região justamente o conjunto de normas, leis, costumes e organizações que permitem a convivência social pacífica, uma condição essencial para o desenvolvimento da atividade econômica”, afirma.
Para Aguilera, é essa fraqueza institucional que tem limitado economicamente a América Latina. Ele ressalta ainda que é difícil encontrar forças internas capazes de restaurar as instituições nos próprios países, acreditando que essa recuperação virá por meio de acordos econômicos. Atualmente, está pendente a ratificação, por parte da União Europeia (UE), do acordo com os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai), cujo objetivo é facilitar o comércio entre as duas regiões, promover a cooperação e fortalecer os vínculos políticos.
No entanto, as dúvidas de países como França e Áustria têm dificultado essa ratificação, que segue estagnada. A Europa tem a oportunidade de se posicionar como um parceiro estratégico, com um acordo que não apenas reforçaria os laços comerciais entre as regiões, mas também enviaria uma mensagem de compromisso com a integração global.
O Encontro de Empresas Multilatinas, que neste ano chegou à sua décima edição, busca oferecer uma visão abrangente sobre o estado atual das relações econômicas e sociais entre a América Latina e a UE, destacando o papel das empresas multilatinas nesse contexto.
ARTIGOS RELACIONADOS: